Alimentação artificial para ASF

As abelhas procuram seu alimento na natureza. Elas coletam pólen e néctar nas flores, além de alguns outros produtos, dependendo da espécie e necessidade. As abelhas sem ferrão estocam o pólen em potes separados do néctar, que por sua vez é processado pelas operárias dentro do ninho, até se tornar o mel que garantirá a alimentação energética de toda a colmeia. Elas sabem, sem a interferência humana, como, quando e onde poderão buscar o melhor néctar, o melhor pólen, as melhores resinas ou barro, e assim por diante. É belo observar o trabalho caprichoso desses pequenos insetos. 
Por que, então, entrar com alimentação artificial para as abelhas sem ferrão?

Quando chega o inverno, principalmente com o frio aqui do sul, ou mesmo outras estações do ano com pouca florada na região, uma colmeia forte em condições normais já preparou um estoque suficientemente grande de mel e pólen para sobreviver a época de escassez de alimento na natureza. Porém, quando esta época de pouco recurso demora muito, ou quando no ano anterior o clima ou as floradas não foram favoráveis, o estoque pode diminuir muito e, em alguns casos, acabar. Assim também quando as colmeias foram divididas pelo meliponicultor, ou quando se colheu mel ou outro recurso, o enxame pode enfraquecer e, nos piores casos, morrer de fome na época desfavorável. Portanto, é importante que o meliponicultor responsável fique bem atento às necessidades das suas abelhas, fornecendo, se necessário, um recurso a mais a elas. Do mesmo modo, quando se visa a multiplicação de uma colmeia, é interessante que esta esteja bem-nutrida, isso garante um número grande de operárias fortes no momento da divisão. nestes casos, é aconselhável fornecer a alimentação artificial apropriada.

Naturalmente, as abelhas coletam, armazenam e usam basicamente dois tipos de alimentação: a energética e a proteica.
Mandaçaia tomando xarope fora da caixa
(Foto: Manuel Warkentin)
  A alimentação energética, que é o mel, elas conseguem produzir a partir do néctar coletado nas flores. Uma forma de introduzir alimento energético artificial, é simplesmente oferecer potes de mel de outra caixa mais forte, preferencialmente da mesma espécie. Mas, normalmente, este recurso é o mais difícil de conseguir, e por isso o mais comum é um xarope que imita o néctar da flor, pelo menos para o entendimento das abelhas. A partir desse xarope, elas irão produzir o mel que irão estocar e utilizar na alimentação. Cuidado: O mel assim produzido, para o humano, não tem as mesmas propriedades do mel natural produzido a partir do néctar da flor. Embora normalmente não seja prejudicial para a maioria das pessoas, não deve ser colhido e, muito menos, comercializado. O xarope pode ser oferecido externamente como internamente na colmeia. Ambas as formas tem seus benefícios e pontos fracos. Por exemplo, ao oferecer o xarope fora da colmeia, pode atrair outras abelhas e/ou outros animais como formigas e pássaros. Já a alimentação interna obriga o meliponicultor a abrir a caixa, pelo menos uma vez para pôr o xarope, e em muitos casos, uma segunda vez, para conferir se todo xarope foi consumido. Dependendo da temperatura externa, a abertura da caixa pode representar um estresse para as abelhas. Então, cada meliponicultor deve avaliar e testar, qual é o melhor método em cada caso. Um cuidado necessário com o xarope é de oferecer em quantidades pequenas, para não deixar por muito tempo a temperatura ambiente, pois fermenta com facilidade, podendo matar as abelhas que tomam o xarope depois de fermentado. O tempo que o xarope pode ficar exposto depende muito da temperatura, mas é melhor não deixar por mais de 24 horas fora da geladeira. Veja aqui a matéria sobre as receitas desse xarope.
Mandaçaia comendo alimentação proteica.
(Foto: Adeniso D. Costa)
Bombons prontos para serem entregues.
(Foto: Adeniso D. Costa) 

    A alimentação proteica, que naturalmente é constituída pelo pólen, pode ser oferecida de diversas maneiras, existindo várias receitas de preparação da mesma. Como ela deve imitar o pólen, que é sólido, não é fornecida como xarope, mas sim como uma massa, muitas vezes em formato de bombom. Para a fabricação dessa massa, pode-se usar pólen de outras abelhas, inclusive de Apis, ou farinha de soja, entre outras possibilidades. A maioria dos meliponicultores mergulha estes bombons em cera líquida, para imitar um pote de pólen das ASF, e para garantir a conservação do alimento. Esta alimentação é normalmente oferecida dentro da colmeia. Em condições normais, as abelhas estocam muito mais pólen que o necessário, e além disso não morrem, se faltar pólen por algum tempo na colmeia. Por isso, muitos meliponicultores nem usam este tipo de alimentação artificial. Em regiões ou anos em que o inverno é muito rigoroso ou prolongado, é mais comum e aconselhável fornecer alimentação proteica artificial. Veja aqui algumas dicas para confecção desses bombons.

Algumas pessoas já tentaram misturar a alimentação artificial proteica com o xarope, e obtiveram diferentes resultados em diversas espécies, desde a boa aceitação pelas abelhas, até a completa rejeição. Ao testar este tipo de novidade, recomendamos ficar bem atento e testar aos poucos, para não prejudicar nenhum enxame. Mas é testando que se aprende, e muitas vezes descobre maneiras para facilitar ou melhorar algum processo.

Além do alimento, é possível fornecer às abelhas, principalmente colônias fracas e novas, cera pronta. Para fabricar a cera, as abelhas gastam muita energia e, portanto, alimento. Por isso, quando uma colmeia tem necessidade de cera, uma das formas de ajudá-las é fornecendo folhas de cera, bem finas, para que elas possam utilizá-la diretamente. Pode ser colocada dentro ou fora da caixa, e pode ser utilizada tanto a cera das ASF como a de Apis, ou uma mistura das duas.

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